segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Rumo ao TCC


Encerro esta etapa de estágio confirmando minha vocação e a certeza de que os anseios da minha juventude de lutar por um mundo melhor estão latentes em mim.
Acredito na educação, na escola de qualidade para todos os cidadãos; lutarei pela escola pública de qualidade, e por um estado laico em que todos possam ser protagonistas de suas histórias, a partir de suas escolhas. Não me comparando, mas sim me inspirando na vida e experiências de Paulo Freire, penso que o desenvolvimento da cidadania se desenvolve à medida da construção do pensamento crítico e do entendimento de sociedade que se tem, mesmo que sejam crianças; elas comunicam um modus operandis do seu grupo social sendo assim:
“A cultura de massas socializa as pessoas para se policiarem contra sua própria liberdade. Portanto, era compreensível que algumas classes rejeitassem o convite libertador que eu lhes fazia. O que fazemos em classe não é um momento isolado, separado do mundo “real”. Está totalmente vinculado ao mundo real, e este mundo real é que constitui o poder e os limites de qualquer curso crítico. Talvez eu devesse dizer também que as habilidades para a transformação distribuem-se de forma desigual. Se me apresento diante de uma nova classe, não posso supor que essa classe repita o desenvolvimento ou a transição da classe anterior. Nem que repita a resistência à transformação da classe que a precedeu. Tenho que redescobrir a distância que esse novo grupo pode percorrer.
Se em minha sala de aula (da periferia ou não), eu puder contribuir desta forma com a sociedade e replicar em outros estes mesmos anseio já terá cumprido meu papel político como professor.

Estágio Obrigatório

Fazer este estágio é a realização de um sonho que se inicia há quase vinte anos atrás quando decido, depois de já ter concluído o Ensino Médio, realizar a complementação de estudos com o Curso Magistério.
O ano era 1999 e com ele vem a possibilidade de iniciar em uma profissão que eu tanto relutava, a de professora. Já havia outras professoras na minha família e eu mesma fora, muitas vezes objeto de estudos, da minha irmã mais velha que já há bastante tempo estava no magistério.
Na época em que me inscrevi para fazer o curso esta modalidade de aproveitamento de estudos só havia em uma escola particular, o colégio de irmãs Santa Catarina. Como não tinha como pagar fui até a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo ver se existia a possibilidade de fazer algum estágio em troca do pagamento da mensalidade escolar, e para a minha surpresa havia e fui aceita.
Tão logo iniciou o curso já comecei a trabalhar em uma escola na periferia de NH, no bairro Kephas, uma dura realidade para quem estava em seus primeiros passos na profissão. Eu penso que, se tivesse sido diferente meu início, não teria desenvolvido um apreço tão grande pela escola pública e não teria tanta convicção do que penso para a educação em nosso país.
Descobri Paulo Freire antes de lê-lo e vi de perto, o que era injustiça social, o quanto as pessoas necessitavam ser re-aproximadas dos seus direitos e que, muito provavelmente seria só ali, na escola, o espaço mais próximo em que poderiam experimentar o senso de justiça.
 Um tempo depois, ao me encontrar finalmente com Freire, escuto seu relato nas linhas da Pedagogia da Esperança,
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.”

Desde então venho trilhando minha vida profissional e nunca tive outra ocupação neste período que não fosse ligada a educação.
Atuei como professora desde o berçário até a substituição em séries do Ensino Médio e tive também o grande privilégio de atuar na alfabetização de adultos, fato este que marcou a minha trajetória devido às histórias de vida dos meus alunos.
Nestes anos sempre busquei a especialização através do curso de Pedagogia o qual cursei na Universidade Feevale até o sexto semestre; em razão da minha gravidez e de problemas financeiros precisei trancar o curso.
Tantos anos depois quando soube da possibilidade de ingressar na UFRGS foi uma grande emoção, a possibilidade da realização de um sonho, que agora está prestes a se realizar com o encerramento do estágio e início do planejamento do TCC.

Atuo como docente em duas redes de ensino: pública municipal e privada, ambas da cidade de Novo Hamburgo. Optei ao longo do PEAD que iria fazer o estágio na escola privada onde tenho uma turma de primeiro ano.

Para onde se encaminha a alfabetização no Brasil?


Entramos no ano de 2019 com inúmeras incertezas no país com a troca do governo, e em especial, no campo da educação nos parece que a falta de clareza e de conhecimento é imensa, beirando a ignorância.
A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas.
Aqui mesmo no blog mencionei como fora a minha alfabetização e o tempo em que as frases e livros/cartilha eram os principais recursos utilizados pelas professoras.  
Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa, fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama. 
Letramento é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobrir quem podemos ser. 
Vemos que o governo vigente não tem a preocupação em ter em sua equipe pessoas capacitadas e que se dediquem ao estudo desta temática, para além das birras políticas, se faz necessário valorizar os pesquisadores brasileiros como por exemplo, Magda Soares, que há dezenas de anos nos apresenta estudos substanciais sobre o assunto.
Que nós professores possamos resistir, nos aperfeiçoar e lutar para que dentro de nossas salas de aula possamos continuar a vivenciar a alfabetização e o letramento, evidenciando que a partir disso, as crianças se tornem sujeitos livres para verem e compreenderem o mundo à luz de seus próprios olhos.