Fomos colocadas na
interdisciplinar de Seminário diante de situações problema as quais
necessitávamos olhar, como em forma de uma cena recorrente de uma escola
algumas situações.
Em um primeiro momento
a primeira impressão do trabalho se deu com as ações dos professores nestas
cenas o que de certa forma me fez pensar sobre o lugar que eu ocupo enquanto
professora e o quanto alguns recortes que fazemos ou que fazem de nós mesmos
revelam muito das nossas crenças e linhas pedagógicas assumidas ao longo dos
anos.
Antes de falar sobre os
relatos propostos penso ser pertinente pensar o quanto muitos de nós ainda
estamos vivenciando experiências da idade média, época em que se inicia a
proposta de institucionalizar a educação.
O texto Maquinaria
escolar nos traz uma ideia muito rica do que se entendia sobre educação e para
quem esta se destinava.
A escola primária
enquanto forma de socialização privilegiada era o lugar de passagem de crianças
a partir do século XVI, época esta em que a visão de infância se modifica,
visto o que inúmeros artistas registram em seus quadros, retratando as crianças
sob outra perspectiva.
Este movimento inicia
na Igreja que percebe a necessidade de perpetuar os ensinos bíblicos e das
regras morais cristãs sendo que nada melhor, do que começar na mais tenra
idade, época em que segundo eles, estariam estas crianças mais flexíveis e
dóceis ao ensino.
As crianças são
separadas do convívio dos adultos no que diz respeito ao momento do ensino e
colocadas em “clausuras” para que a escolarização possa acontecer, sob a tutela
de um corpo de especialistas que inicialmente utilizavam doutrinas drásticas de
dominação dos corpos para que a aprendizagem do corpo facilitasse a capacidade
de compreensão dos valores e princípios ensinados.
Aos poucos métodos mais
humanistas passam a dar lugar às intervenções mais drásticas também iniciando a
organização dos tempos de estudos e programas de estudos.
Partindo deste primeiro
relato podemos perceber que vivemos na pós-modernidade com ares de idade média
uma vez que encontramos ideias medievais ainda hoje. Neste confronto de
metodologias e modelos pedagógicos, penso que estamos por vezes nos esquecendo
de que nossa profissão de professores requer uma busca incessante de modelos e
ações que tenham como maiores beneficiários os alunos e o fruto das interações
que são desenvolvidas.
A cena proposta na
interdisciplina me remeteu a minha escola e o quanto são necessárias ações de
avaliação das próprias ações pedagógicas. Na minha escola da vida real, em uma
reunião de professores fui convidada a falar sobre a minha prática, e a forma
como conduzi o projeto de pesquisa apresentado na feira de ciências do ano
anterior.
Minha escola é bastante
inovadora na cidade, em muitos aspectos e como diz seu PPP, caminha em busca de
ações interacionistas e visando o desenvolvimento coletivo de modo democrático
em que os alunos sejam os protagonistas havendo uma parceria com os
professores, seus mediadores. Porém na prática (mesmo acreditando que teoria e
prática não devam se separar), observava que em meio a essa proposta inovadora
da escola existiam muitos colegas que tem outras metodologias e visões
diferentes do que se sonha como escola. Durante o meu relato alguns professores
se posicionavam sobre o quão difícil seria fazer um trabalho numa linha mais
interacionista deixando que o aluno fosse o protagonista de sua própria
aprendizagem.
Minha escola está
inserida em uma linha da pedagogia libertária que visa à transformação da
personalidade do aluno e de seus pares nos mais variados níveis escolares.
Segundo Paulo Freire, a
partir do diálogo enfatiza-se a reflexão, a investigação crítica, a análise, a
interpretação e a reorganização do conhecimento. Assim como vi na minha escola
quanto nos fatos propostos para este trabalho, o professor tem um papel
político decisivo para fazer ou não que as propostas ideias pensadas para a
escola do nosso tempo possam romper com as ideias iniciais que se tinha para
escola em meados dos séculos XVI e XVII.
Tanto na reunião desta escola
fictícia quanto durante a apresentação da minha prática em minha escola,
percebemos personagens que nos chamam a atenção:
Professora Orquídea e
Professor Cravo e Diretor Antúrio com a visão de que o ensino depende dos seus
esforços e que para um tipo de clientela o seu plano seria mais bem
desenvolvido de acordo com o nível social dos seus alunos. Este modelo
pedagógico mais diretivo e permeado a epistemologia empírica, crê que o aluno é
uma tábula rasa e que o professor é o único detentor do saber. O aluno assim
neste contexto só aprenderá se o professor lhe ensinar.
Na fala da professora
Rosa, observamos um modelo pedagógico não diretivo e apriorista em que o aluno
traz o saber e o professor intervém o mínimo possível (laissez-faire) O
professor acredita que o aluno aprende por si mesmo.
Numa pedagogia
relacional/construtivista, a aprendizagem decorre da interação dos pares assim
como procura praticar a Professora Rosa que discute os assuntos com os seus
alunos, interagem com eles e deixa que deem vasão a sua criatividade
oportunizando espaço para desenvolvimento do protagonismo.
Com estes exemplos da
vida real e da ficção podemos avaliar que a escola é um espaço do aprender e
isso diz respeito a todos começando pelos professores que a partir de suas
reflexões podem atender as necessidades de seus educandos de modo mais atual,
moderno, crítico e sendo assim agentes de transformação do nosso tempo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.
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maquiaria escolar. Teoria e Educação, São Paulo, n.6, p. 68-96, 1992.
TOSTO, Rosanei. Escolas
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MACEDO, Lino de. O
construtivismo e sua função educacional. Educação e Realidade, Porto Alegre,
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BECKER, Fernando.
Modelos Pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação e Realidade, Porto
Alegre, p. 89-96