domingo, 30 de junho de 2019

Os professores conhecem as diretrizes sobre o ensino da História da Àfrica e da cultura afro brasileira?

Embora se observe pelos dados da pesquisa que 47,4% dos professores tenham respondido que sabem pouco sobre as políticas públicas direcionadas à implementação da cultura afro nas escolas brasileiras. E 47,4% responderam não conhecer. Cabe abordar sobre a Lei 10.639/2003 que regulamentou o ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira.
Ressalta-se que a finalidade principal dessa lei é divulgar e produzir conhecimentos, assim como atitudes, posturas e valores que eduquem os cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial. Contribuindo para que se garantam o respeito aos direitos legais e a valorização de identidade cultural brasileira e africana.
Dessa forma, o conhecimento sobre essa lei, bem como a sua implementação traz vários aspectos positivos para a educação, pois possibilita que se façam debates sobre o espaço do negro enquanto sujeito histórico. A partir disso, podem-se elaborar propostas pedagógicas que propiciem o conhecimento sobre a cultura da população negra.

Gráfico 12: Conhecimento sobre as políticas públicas (docentes)

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Racismo na escola

Nestes gráficos percebemos que existe uma grande diferença entre o que é visto como racismo para os grupos de alunos e professores. Se os professores que já perceberam o racismo na escola são um número de 73,3%, como poderíamos justificar os 33,8% somente de alunos que já viram as situações de racismo na escola? Vimos aqui que muito sobre o racismo institucional precisa ser desmantelado do cotidiano dos alunos assim como parte dos professores se faz necessário intervenções pedagógicas que permitam este esclarecimento.
O coletivo Adé foi iniciado na escola Adolfina como forma de incentivo ao protagonismo feminino negro local de conversa e de debate sobre temáticas de gê nero e de raça.



O professor e a comunidade

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Em um dos textos que escrevi no blog mencionei a importância de vermos além das necessidades tradicionais da escola apresentando os alunos a novas possibilidades.Ao longo do desenvolvimento da pesquisa e a partir das observações realizadas na escola percebeu-se a necessidade de criarmos um instrumento de empoderamento das meninas da escola e avaliando com a equipe diretiva chegamos até a temática de um coletivo.Foi dado a este coletivo o nome de Adé que em iorubá significa coroa, que tem como significado coroa tanto a do cabelo das meninas quanto a coroa dos orixás.



Escola publica e a diversidade culural

Reconhece o Ministério da Educação, ao estabelecer os PCNs, ser o país rico em diversidade étnica e cultural, embora também reconheça que, ao longo da nossa história até os dias atuais, a discriminação e o preconceito têm contaminado as relações entre os indivíduos com consequente exclusão de parte significativa da população brasileira do exercício pleno da cidadania.
O enfoque da diversidade cultural deve impregnar-se nas atividades da escola na perspectiva crítica. Questionar os mecanismos de construção da identidade étnica nacional, estimulando os alunos a valorizarem as diversas culturas que contribuíram na formação do povo brasileiro, é reconhecer na discriminação uma violência a cidadania. 
Estes processos sociais de construção de lógicas e modos de ser podem ser melhores compreendidos quando se tem presente a constituição de meninas negras em um núcleo educacional público, remete-nos buscar os elementos históricos que, não só construíram a cidade de Novo Hamburgo, mas também balizaram o modo de ser e de se comportar da maioria das famílias dos imigrantes que se alojaram neste município.
Em síntese o trabalho se propõe a identificar os impactos e os saberes da experiência construídos a partir das relações com seus pares nas escolas públicas e as possíveis formas de organizações coletivas daí decorrentes,

Como escolher um tema de TCC baseado no estágio e na minha vida.

Descobri Paulo Freire antes de lê-lo e vi de perto, o que era injustiça social, o quanto as pessoas necessitavam ser re-aproximadas dos seus direitos e que, muito provavelmente seria só ali, na escola, o espaço mais próximo em que poderiam experimentar o senso de justiça.
Um tempo depois, ao me encontrar finalmente com Freire, escuto seu relato nas linhas da Pedagogia da Esperança, “Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade” (Freire, 1985).
Desde então venho trilhando minha vida profissional e nunca tive outra ocupação neste período que não fosse ligada a educação, porém, meu olhar sobre a diversidade étnica, e os espaços do negro na sociedade, ficou adormecido. Dediquei a minha vida profissional a outras experiências que trouxeram gratificação, porém não o comprometimento social.
Atuei como professora desde o berçário até a substituição em séries do Ensino Médio e tive também o grande privilégio de atuar na alfabetização de adultos, fato este que marcou a minha trajetória devido às histórias de vida dos meus alunos.
Atuei no período de estágio como docente em duas redes de ensino: pública municipal e privada, ambas da cidade de Novo Hamburgo. Optei ao longo do PEAD, que iria fazer o estágio na escola privada onde tenho uma turma de primeiro ano, sendo que o trabalho de pesquisa que desenvolvemos trouxe uma série de recursos significativos a partir da construção dos saberes dos alunos.
Percebemos no estágio que a comunicação tem um papel importante na vida dos seres humanos e que desde os primórdios das tentativas de comunicação; nas cavernas, através do uso de códigos, ou na criação de elementos mais sofisticados como pinturas em tecidos, uso do papel para registro de mensagens; a humanidade quer transmitir uma mensagem que atualmente, está acessível aos alunos através das tecnologias digitais existentes.
Ao decorrer das semanas de estágio, quando chegamos à temática de como os africanos se comunicavam em um tempo mais primitivo, chamou-me a atenção que, os alunos se identificaram com o tema e a cultura afro, mesmo que não havendo nenhum negro na sala além de mim.
Um dos alunos trouxe para a aula um berimbau que havia confeccionado com materiais alternativos em sua casa a partir de uma das temáticas discutidas em sala de aula, que girava em torno do tema das contribuições dos negros para a constituição da cultura brasileira. 
Neste momento, percebo e me vejo ressignificando a minha própria trajetória escolar em que a visibilidade negra não era mencionada e quando apresentada era vinculada “aos negros descendentes de escravos”.

Concluí o estágio obrigatório, mas em mim ficou a reflexão sobre o desenvolvimento do TCC e como dar sequência a esta pesquisa iniciada no estágio. 

Minha vida profissional... me entendendo como ser político.

O ano era 1999 e com ele vem a possibilidade de iniciar em uma profissão que eu tanto relutava, a de professora. Já havia outras professoras na minha família e eu mesma fora, muitas vezes, objeto de estudos, da minha irmã mais velha que já há bastante tempo estava no magistério.
Na época em que me inscrevi para fazer o curso esta modalidade de aproveitamento de estudos só havia em uma escola particular, o colégio de irmãs Santa Catarina. Neste momento trago à memória as dezenas de anos em que eu fora a única aluna negra da turma ou uma das únicas alunas negras de toda a escola, que ao somar não preenchiam os dedos de uma mão.
Sendo de família humilde, não tinha como pagar este curso e fui até a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo ver se existia a possibilidade de fazer algum estágio em troca do pagamento da mensalidade escolar, e para a minha surpresa havia e fui aceita.
Tão logo iniciou o curso, já comecei a trabalhar em uma escola na periferia de NH, no bairro Kephas, uma dura realidade para quem estava em seus primeiros passos na profissão. Neste espaço, percebi onde estavam os demais homens e mulheres negras da minha cidade, pessoas estas que migraram de outras cidades em busca de um espaço profissional e encontravam ali na comunidade, um espaço para tentarem recomeçar as suas vidas.

Eu penso que, se tivesse sido diferente meu início, não teria desenvolvido um apreço tão grande pela escola pública e não teria tanta convicção do que penso para a educação em nosso país.

A escola pública espaço de equidade

Quando os indivíduos não podem se estabelecer como cidadão e cultivar as suas características étnicas passam por uma violência cultural, racial que atinge as subjetividades dos indivíduos.
O trabalho reflexivo se faz a partir destes elementos e chega a conclusão que a constituição do ser negro nestas condições, sofre danos em diferentes áreas da constituição humana e, em especial, no que diz respeito ao gênero feminino, percebemos neste trabalho que este sistema tem se perpetuado até nossos dias, também  através da escola.
Por isso, Pensar práticas que rompam com a misoginia, com o racismo, e tornem crianças e adolescentes protagonistas de suas experiências sociais necessita encontrar espaço na escola pública um ambiente potencializador das premissas de equidade e justiça social é fundamental para quem encerra um processo de capacitação como é a graduação no curso de Pedagogia.